Ir a um shopping lotado em uma noite de sábado já pode ser um grande desafio para algumas pessoas. No caso de Alexandre Slivnik, havia um adicional, assistir ao filme Thor fantasiado de super-herói com um amigo e o filho. Assim como a maioria de nós, a reação inicial foi preocupar-se com a opinião dos outros sobre a opinião. E logo em seguida, veio a pergunta transformadora de sua vida “Por que não?”.
O escritor e palestrante conta que naquele momento, a decisão deixou de algo simples e tornou-se um autoquestionamento embutido de valores, como a autenticidade, a espontaneidade e a criatividade. A partir da decisão de ir e não decepcionar o filho, Slivnik conta que a experiência acabou servindo de inspiração para muitos pais e o inspirou a escrever o livro “O Poder de Ser Você” com a mensagem de que “você tem direito de ser autêntico e tem direito de ser feliz em casa, no trabalho, em todo lugar. A felicidade contagia, se multiplica e traz sucesso, muito sucesso”, nas palavras do próprio escritor.
A TeG conversou com Slivnik para conhecer um pouco mais sobre o livro e o que significa, de fato, ser feliz e agir com autenticidade em qualquer lugar.
Você cita que uma das grandes mudanças corporativas no Brasil e no mundo é o fato de que as pessoas não estão dispostas a sacrificar-se por um emprego que não as fazem feliz. O que demonstra que as empresas estão pensando desta forma também?
As empresas estão começando a olhar para a felicidade dos colaboradores por conta do alto turn over que vêm enfrentando. Elas estão perdendo talentos e, para evitar que isso aconteça, é necessário olhar para o colaborador e conectar seus sonhos com os objetivos da organização! Cada ser humano passa, em média, 1/3 da vida trabalhando, outro 1/3 dormindo e no 1/3 que sobra, se não estiver satisfeito com o seu trabalho, ele vai ficar reclamando e não será nada produtivo. É preciso fazer com que os colaboradores aprendam a gostar do seu trabalho. E a minha dica é que as empresas comecem a olhar para a MISSÃO e não apenas para a FUNÇÃO dos seus colaboradores. Quando conseguimos conectar a missão, engajamos os colaboradores a uma causa muito maior.
Podemos dizer que a felicidade é algo relativo, certo? Neste sentido, como as empresas devem entender que apesar de pensamentos e objetivos variados as pessoas acabam buscando um mesmo propósito?
Não vejo a felicidade como algo relativo. O que é relativo, em minha opinião, é a intensidade da felicidade. Algo que me faz muito feliz pode não fazer você, leitor, feliz ou vice-e-versa! Felicidade é um momento pontual, e as pessoas buscam ter o maior número possível desses momentos ao longo do seu dia. Grandes empresas, atentas à essa nova realidade, investem muito em um ambiente que propicia esses momentos.
As empresas conseguem ajudar o profissional a entender o significado real de “O Poder de ser Você” ou essa é uma busca individual?
As empresas devem ser responsáveis por ajudar na busca da essência de cada colaborador. É um caminho de mão dupla. O profissional tem que entender que a responsabilidade de ser feliz começa com ele, porém, o ambiente em que trabalha é primordial para que desenvolva essa autenticidade.
Para conseguir manter uma imagem forte, que ultrapassa os muros da organização, os colaboradores precisam estar em total sintonia com a cultura da empresa, ou ela não será praticada. Uma organização com missão definida, e que cria processos condizentes com ela, ganha credibilidade com seu time, pois terá mais do que um discurso, terá ações reais que provam o que fala. Por exemplo, se sua organização se diz aberta a receber as ideias de seus colaboradores, precisa realmente dar voz a eles. Se os líderes não dão liberdade para que os colaboradores falem abertamente, a cultura da sua organização não está sendo praticada e talvez você não esteja enxergando essa prática.
Quais os benefícios de encontrar a essência de cada um e aplicá-la no mercado de trabalho?
O principal deles é estar conectado com o seu propósito de vida e, com isso, ser mais feliz e mais produtivo. Quando encontramos o que gostamos de fazer, contagiamos as pessoas que estão a nossa volta.
Quando eu era pequeno, por exemplo, nunca disse que queria ser palestrante. Sonhava em ser palhaço, pois meu objetivo era propiciar felicidade aos outros! Hoje, na minha carreira de escritor e palestrante, consigo ver meu sonho de criança realizado, pois é justamente o que faço: desencadear sensação de felicidade nas pessoas que leem meus textos ou assistem minhas palestras. Conheci, depois de adulto, esse trabalho que me deixa pleno.
Alguma dica que você destaque para que os profissionais comecem realmente a acreditar no poder interno?
Não ter medo do que os outros podem pensar. Muitas vezes, deixamos de lado nossos sonhos ou nossas “loucuras” com medo que outras pessoas caçoem de nós!
A vida nos surpreende a todo momento e nos oferece oportunidades de ser feliz. Uma criança pode desejar ser médico, bombeiro, professor, enfim, escolher profissões com as quais tem contato. Contudo, no futuro, a escolha pode ser outra e tornar-se muito mais certeira e coerente com o que de fato ela ama. Em outros casos, porém, não há tanta realização. Ou existe por um tempo e depois não gera mais brilho nos olhos. Qual a razão? A constante mudança do ser humano! Assim sendo, acredito que a pergunta “O que você quer ser quando crescer?” deveria ser feita mais vezes, aos 6, 15, 20, 35… 65 anos! Afinal, ela desvenda a missão de cada um no mundo e é um passaporte para muitas reflexões, dentre as quais: O que me faz acordar bem cedo todos os dias, vencer o sono e me jogar empolgado na vida?